Realização, em 1999, da escultura Vôo de Xangô do artista Gilberto Salvador na Estação do Metrô Jardim São Paulo.
Em janeiro de 1998, recebi um convite da Companhia do Metropolitano de São Paulo, para elaborar uma obra em alguma das novas Estações, que seriam inauguradas em abril.
Numa primeira visita, me apaixonei, pelo espaço aberto da Estação Jardim São Paulo, em Santana. A diferença dos planos das ruas limítrofes e uma vegetação lateral, dá a este espaço um sentido de plenitude visual, assim como um uso comunitário deste espaço, que se completa, como um Jardim / Praça, definido no projeto.
Quando comecei a pensar, em uma peça escultórica para o local acima descrito, imediatamente veio a minha consciência, que a escultura deveria traduzir com suas formas, algo arrojado e significativo do que representa o Metrô para a cidade de São Paulo, e quais conceitos, de usos de materiais, traduziriam a tecnologia, de ponta, que foi usada pelos construtores, em todas as áreas que envolve a formatização do Metrô de São Paulo, onde o uso de técnicas contemporâneas, ficam traduzidas em um equipamento urbano dos mais avançados, que o poder público oferece no Brasil. Portanto, a definição da escultura deverá mostrar e dar visibilidade da identificação Arte / Metrô, Arte / Tecnologia, Arte / Construção.
A partir das premissas acima, parti para a realização de uma maquete em escala de 1:50, da escultura em questão.
O conceito da peça foi pensado no uso do voo, e da força dos elementos com os quais me identifico, por várias razões simbólicas, que ganharam nos últimos 34 anos de minha obra. Com o uso de formas geométricas básicas, como a esfera e os prismas, compus a obra em questão. Nisto resultou o “Vôo de Xangô”, orixá do candomblé que se identifica na força e nas decisões de direção (O Vôo). Desenvolvida com o auxílio de computadores, para definir a exequibilidade da mesma, e pelo fato de ter somente um ponto de apoio, o aço foi definido como material de maior adequação.
As cores, foram escolhidas, fazendo um contraponto com o entorno urbano, vermelho e amarelo, para simbolizar a vida, com o sentido das energias que envolve o orixá, e não sua simbologia cromática, sincrética.
Agradeço a Cia. Odebrecht que patrocinou a obra e possibilitou esta tradução de tecnologia e arte, que de uma forma bem significativa, vem desenhando o Metrô e seus pares, junto ao panorama da Construção Brasileira.
– Gilberto Salvador
SP, 15 de outubro de 1999
Nome: Vôo de Xangô
Artista: Gilberto Salvador
Ano: 1999
Local: Linha 1-Azul – Estação Jardim São Paulo – Ayrton Senna (Encontra-se no jardim externo da estação)
Ficha Técnica: Caldeiraria / Fundição – Aço e tinta epóxi
8,00 x 20,00 x 4,00m – 6.600kg
Segundo Gilberto Salvador, essa escultura “foi pensada a partir do significado da inter-relação de dois elementos que o homem sempre usou como parâmetro existencial, que são a força (a esfera) e o voo (os prismas geométricos), mas dentro de um contexto poético em que essas simbologias se inter-relacionem misticamente dentro da simbologia do Candomblé. Xangô, sempre lutador, forte, perscrutador da justiça e amante da vida com um voo poético e onírico em que as asas fortes e angulosas ajudam em sua missão, ou seja, a escultura Voo de Xangô é uma criação minha, sem a pretensão de descrição mística ou definição de meu Orixá”.
– Enock Sacramento, 2012 (link)
…”. Participa também do Projeto Arte no Metrô, da Companhia do Metrô de São Paulo. Com o patrocínio de uma obra do paulistano Gilberto Salvador: um conjunto de elementos coloridos, elaborados com tecnologia de ponta – como a que é utilizada no Metrô de São Paulo, observa o artista. Instalada na Estaçao Jardim São Paulo, a escultura, cujo mote é um voo simbolizando o futuro, também é uma homenagem da Odebrecht e do Metrô aos milhares de paulistanos que todos os dias passam por aquela estação a caminho do trabalho ou do lazer. Parabéns São Paulo.”
– ODEBRECHT, catálogo da inauguração
– Companhia do Metropolitano de São Paulo – Metrô
Links
http://www.monumentos.art.br/monumento/voo_de_xango
http://vejasp.abril.com.br/materia/esculturas-espalhadas-por-sao-paulo